PE PE PESSOAL! Se a Terra for explodir, que seja de tanto rir com esses dois!
O que acontece quando você junta um porquinho gaguejante, um pato completamente descontrolado e uma conspiração alienígena envolvendo chicletes? O resultado é Looney Tunes – O Filme: O Dia Que a Terra Explodiu, a primeira animação totalmente original dos personagens a chegar às telonas. Uma produção que consegue ser, ao mesmo tempo, nostálgica e ousada, divertida e caótica — com acertos genuínos e algumas doses de excesso.

Na trama, Gaguinho (Porky Pig) e Patolino (Daffy Duck) precisam levantar dinheiro para consertar a casa onde moram. Por isso, acabam trabalhando numa fábrica de chicletes, onde descobrem uma ameaça alienígena pronta para transformar a população em zumbis obedientes. Sim, é tão maluco quanto parece — e é aí que está parte da graça. Em determinado momento do filme, aparece em um notíciario: Notícia de última hora,recebemos a informação de que um cientista, um alien, um pato e dois porcos têm um plano para salvar a Terra… nós estamos perdidos...” E, sinceramente, não há nada melhor para descrever o tom dessa história.
Menos personagens, mais personalidade
Apesar de não contar com outros personagens populares, como Pernalonga, Piu-Piu ou Frajola, o filme foca totalmente na dupla de protagonistas. Isso funciona muito bem devido à dinâmica cômica entre o certinho e nervoso Gaguinho e o imprevisível e destrambelhado Patolino. A química entre eles é bem construída, pois a essência dos personagens foi respeitada. Esse resultado é mérito da direção de Pete Browngardt, experiente nos curtas da franquia. Também contribui o talento vocal de Eric Bauza, que honra com competência o legado de Mel Blanc.
Roteiro maluco, mas coeso
Pode até parecer assustador saber que o roteiro do filme foi assinado por 11 pessoas diferentes — o tipo de informação que costuma gerar desconfiança. Surpreendentemente, a obra mantém uma coerência impressionante. Isso prova que, quando bem alinhado, até um grande time de roteiristas pode entregar algo divertido e coeso.
A colaboração entre esses profissionais se reflete na fluidez da narrativa e nas piadas bem construídas, que ressoam com a essência dos personagens. Isso não significa que não haja momentos de excesso ou algo mais arriscado no estilo humorístico, mas o equilíbrio entre as diferentes influências dos roteiristas ajuda a dar uma dinâmica única ao filme. Cada escritor traz um toque de sua própria visão, mas sempre mantendo o espírito irreverente e caótico dos Looney Tunes. Esse trabalho conjunto não apenas preserva a magia da franquia, mas também consegue dar frescor a um material clássico, tornando-o acessível tanto aos fãs antigos quanto aos mais jovens.
Estética que respeita as origens
Visualmente, é uma experiência que aquece o coração. A animação em 2D desenhada à mão — em vez do uso de CGI — resgata com perfeição o visual clássico das antigas produções. É como se estivéssemos assistindo a um episódio especial da Hora Acme com qualidade de cinema. A estética lembra o charme dos discos de vinil: imperfeita, quente e cheia de alma.
Além disso, o filme não se limita apenas a reviver o visual clássico, mas também aproveita a liberdade de uma animação mais moderna para explorar piadas e situações mais ousadas, mantendo o ritmo frenético que é a marca registrada dos Looney Tunes. A trama, completamente insana, não só faz referência aos elementos tradicionais da série, como também introduz novos conceitos e personagens que, embora bizarros, se encaixam perfeitamente nesse universo caótico e irreverente. A combinação de humor absurdo com um toque de crítica social, especialmente na forma como lida com temas como alienígenas e a obsessão pelo consumo, faz com que o filme dialogue com tanto os fãs de longa data quanto as novas gerações.
Mas pato passa do ponto…
No entanto, há quem sinta que o excesso de energia de Patolino pode, em alguns momentos, ultrapassar o limite do suportável. Sua natureza imprevisível, que sempre foi parte do charme do personagem, aqui chega a pontos em que o humor se torna repetitivo e até um pouco cansativo. A constante busca por reações exageradas, por vezes, tira o ritmo da trama, fazendo com que a comédia se perca em seu próprio caos. Mas, ao mesmo tempo, a autenticidade do personagem e a forma como ele ainda consegue arrancar risadas em seus momentos mais intensos, mantém a essência do que sempre fez os Looney Tunes tão especiais, algo que muitos ainda conseguem apreciar, apesar dos excessos.
Vale a pena?
No fim das contas, Looney Tunes – O Filme: O Dia Que a Terra Explodiu é exatamente o que deveria ser: um presente para os fãs antigos e um convite colorido para os novos. A animação faz jus ao legado dos personagens, trazendo uma experiência única que mistura nostalgia com inovação. Embora o humor exagerado de Patolino e a trama maluca possam não agradar a todos, a obra ainda consegue entreter e divertir com sua autenticidade e charme. Se você é fã de Looney Tunes, definitivamente vale a pena conferir — e até mesmo se não for, a energia da animação e a qualidade visual são motivos suficientes para dar uma chance. E se depender dessa dupla dinâmica, Gaguinho, Patolino e cia ainda têm muito o que dizer — e explodir — nas próximas gerações.
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